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Pesquisa de arqueologia preventiva no município de Tijucas do Sul revela sítio arqueológico inédito!

Entre os meses de agosto, setembro e outubro, a equipe da Fercant & Yahto Consultoria Científica esteve no município de Tijucas do Sul desenvolvendo atividades de pesquisa arqueológica preventiva na área onde será implantado o empreendimento denominado de “Pavimentação da Estrada Municipal Lagoinha - Saltinho”, sob responsabilidade da Prefeitura Municipal de Tijucas do Sul que também esteve em campo com a nossa equipe.


Esse tipo de pesquisa está prevista na Instrução Normativa/IPHAN nº 001, de 25 de março de 2015, a qual dispõe sobre “os procedimentos administrativos a serem observados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional nos processos de licenciamento ambiental” e visou atender ao disposto na legislação que trata da proteção e preservação do patrimônio arqueológico, em especial a Lei nº 3.924, de 26 de julho de 1961 que “dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos” e o Art. 216 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 que trata do patrimônio cultural brasileiro de natureza material e imaterial.


O projeto de avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico (PAIPA) foi realizado após a autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), por meio da portaria de pesquisa nº 69, de 07 de agosto de 2025, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 08 de agosto de 2025.


 Conforme disposto no projeto de pesquisa previamente aprovado, realizaram-se atividades de prospecção arqueológica intensiva na Área Diretamente Afetada (ADA) pelo empreendimento, com a abertura de poços-teste e caminhamentos sistemáticos, através de uma prospecção oportunística, realizada na Área Diretamente Afetada (ADA) e na Área de Influência Direta (AID), visando verificar a possível ocorrência de vestígios arqueológicos aflorados na superfície. Como resultado, foi identificada a ocorrência de um sítio arqueológico pré-colonial com feições abrasivas, denominado de “Ponte do Saltinho” com 26 feições abrasivas distribuídas em duas áreas na margem do rio da Várzea.


Exemplos das atividades de campo realizadas: execução de poços-teste, peneiramento do sedimento, e coleta de amostras na linha superior. Na parte inferior, vistorias realizadas em superfícies, perfis expostos e no lajeado as margens do rio da Várzea.
Exemplos das atividades de campo realizadas: execução de poços-teste, peneiramento do sedimento, e coleta de amostras na linha superior. Na parte inferior, vistorias realizadas em superfícies, perfis expostos e no lajeado as margens do rio da Várzea.
Localização da Área 2 em relação a subárea 3 da Área 1 e visão geral da Área 1, visa de cima da Ponte do Saltinho.
Localização da Área 2 em relação a subárea 3 da Área 1 e visão geral da Área 1, visa de cima da Ponte do Saltinho.
Exemplos dos procedimentos de campo: (A) limpeza das superfícies rochosas com vassoura ou escova com cerdas macias, (B) registros fotográficos, (C) anotações em caderno de campo e medições, (D) limpeza de afloramentos mesmo com a superfície parcialmente submersa, (E) medições das subáreas e (F) limpeza da Área 2.
Exemplos dos procedimentos de campo: (A) limpeza das superfícies rochosas com vassoura ou escova com cerdas macias, (B) registros fotográficos, (C) anotações em caderno de campo e medições, (D) limpeza de afloramentos mesmo com a superfície parcialmente submersa, (E) medições das subáreas e (F) limpeza da Área 2.
Exemplos das feições abrasivas identificadas e registradas na Área 1, subárea 4. Cada feição recebeu o nome da sigla do sítio arqueológico (PS - Ponte do Saltinho) e um número sequencial.
Exemplos das feições abrasivas identificadas e registradas na Área 1, subárea 4. Cada feição recebeu o nome da sigla do sítio arqueológico (PS - Ponte do Saltinho) e um número sequencial.
Exemplos das feições abrasivas identificadas na Área 1, subárea 1, com algumas delas com o estado de conservação comprometidos devido a fatores naturais (ações bióticas ou pela própria ação fluvial).
Exemplos das feições abrasivas identificadas na Área 1, subárea 1, com algumas delas com o estado de conservação comprometidos devido a fatores naturais (ações bióticas ou pela própria ação fluvial).

Além da pesquisa de campo, foram realizadas ações de esclarecimento e divulgação da pesquisa, através da distribuição de material impresso de divulgação, sendo contemplada a comunidade local residente no entorno da área do empreendimento ao longo da Estrada Lagoinha-Saltinho e no Colégio Estadual do Campo Professora Kamilla Pivovar da Cruz localizado na comunidade de Lagoinha. Para a instituição escolar, também foi realizada a doação de 03 livros sobre arqueologia e os povos pré-coloniais e 01 Kit com 07 (sete) réplicas de material arqueológico lítico e cerâmico. 


Atividades de divulgação da pesquisa com moradores e kit de réplicas e livros doados.
Atividades de divulgação da pesquisa com moradores e kit de réplicas e livros doados.

Associada à doação, foi realizada uma apresentação sobre o material doado, visando à contextualização de assuntos relacionados ao patrimônio arqueológico e à ocupação humana pré-colonial do município, incluindo uma explanação sobre a identificação do sítio arqueológico identificado durante a realização da pesquisa, e uma réplica de um bloco com uma superfície de abrasão polida, que simula àquelas encontradas no sítio arqueológico.


Réplica de uma superfície de abrasão confeccionada em um bloco de granitóide.
Réplica de uma superfície de abrasão confeccionada em um bloco de granitóide.

Até o momento existem 03 sítios arqueológicos registrados em Tijucas do Sul de acordo com os dados disponíveis do SICG/IPHAN, relacionados a populações Jê do Sul, conhecidos na literatura arqueológica como Tradição Itararé-Taquara. Essas populações viviam da caça, da pesca e a coleta de frutos, principalmente de pinhões. Apresentavam uma horticultura de apoio, baseada no cultivo do milho e da cabaça. Fabricavam utensílios de cerâmica, com formas pequenas e espessuras finas, com rara presença de decorações, sendo utilizados para cozinhar e guardar alimentos. Também faziam uso de artefatos de pedra lascada e polida, com destaque para as lâminas de machados e as mãos de pilão polidas, muito bem elaboradas. Ocuparam as florestas com araucárias localizadas em áreas mais altas, frias e de campo aberto da região Sul do Brasil, incluindo o município e regiões adjacentes.


Todas as atividades realizadas no âmbito do projeto contribuíram para a divulgação da arqueologia e a conscientização sobre a importância da proteção e preservação do patrimônio arqueológico brasileiro, além de atender as exigências legais da pesquisa arqueológica inserida no licenciamento ambiental.



 
 
 

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